Padre Óscar González-Quevedo Bruzón, conhecido como Padre Quevedo, morreu em 9 de janeiro de 2019, em Belo Horizonte, por complicações cardíacas. Ele tinha 88 anos. Padre Quevedo morreu na Casa Irmão Luciano Brandão, no Bairro Planalto, na capital mineira, onde são atendidos jesuítas idosos e com problemas de saúde. Ele morava no local desde 2012.

A assessoria de imprensa da Casa Jesuíta não divulgou o local do velório do religioso alegando que a cerimónia seria restrita a amigos e parentes. O enterro foi na  quinta-feira (10), às 11h, no Cemitério Bosque da Esperança, no Bairro Jaqueline, Norte de Belo Horizonte. Óscar González-Quevedo Bruzón é filho do espanhol Manuel González-Quevedo Monfort, deputado tradicionalista de Madrid, – ligado à corte do rei Alfonso XIII – e da Ángeles Bruzón do Gibraltar.

Quando tinha três anos de idade viu o seu pai ser preso pela Frente Popular Espanhola por criticar o regime vigente no país, a qual a vinha perseguindo o catolicismo, queimando conventos e matando padres e freiras, sendo assim levado para um campo de trabalhos forçados. Aos 7 anos de idade, quando visitou seu pai pela última vez, o viu recomendar que sua mãe, juntamente com o irmão dela, se passassem por um casal e fugissem do país para garantir a seguranças das crianças, pois para ele o seu destino como mártir cristão já tinha sido definido. Posteriormente, sua mãe, que tinha sofrido um atentado de assassinato e perdido três irmãos devido a perseguição governamental, comunicou a Quevedo logo quando este fez a primeira comunhão no norte da Espanha que seu pai teria sido fuzilado durante a Guerra Civil Espanhola, sendo suas últimas palavras: “Viva Cristo Rei!”. O papa São João Paulo II o teria beatificado como mártir. Vivendo um exílio forçado em seu próprio país, foi morar clandestinamente em Gibraltar. Passou a viver com seus tios, sendo um deles, Horácio, chefe espírita em Gilbraltar e outro chefe teósofo em Tânger, o primeiro recomendou a Quevedo a leitura de diversos livros de espiritismo, esoterismo, teosofismo e ocultismo,[16]o que segundo o próprio Quevedo, teria enchido sua ‘cabeça de minhocas’. Sua prima, Tereza González-Quevedo, mas conhecida como ‘Teresita’ – que foi proclamada venerável pelo papa São João Paulo II lhe ensinou os primeiros “truques de mágica” com cartas, o que fez Quevedo se admirar ainda mais pelo ilusionismo. Tempo depois, após ter entrado na faculdade e ter feito longos estudos de livros de Parapsicologia, abandonou os ensinos espíritas, teosóficos, esotéricos e ocultistas e criou uma verdadeira paixão pelas explicações racionais para os fenômenos através da Parapsicologia, sendo que todos os seus trabalhos, seminários para licenciaturas, mestrado e doutorado sempre foram voltadas para a área. Posteriormente, ele passou a explicar o que aprendera através da Parapsicologia ao seu tio Horácio, contribuindo assim para sua conversão ao catolicismo. Ao estudar Humanidades Clássicas na Universidade Pontifícia de Comillas na Espanha, descobriu sua vocação religiosa, posteriormente formou-se em Filosofia e Psicologia na Universidade de Santander e decidiu ir para um seminário jesuíta. Nesse tempo aprofundou seus estudos sobre o “além”, particularmente sobre magia e ilusionismo e acabou se tornando conhecido no campus da faculdade.

Brasil

 
O então reitor da Faculdade de Filosofia, Padre Vicente González, conhecendo o interesse de Quevedo pelo ocultismo, recomendou que o mesmo viesse para o Brasil, um campo fértil para pesquisadores do sobrenatural, visto a forte superstição da cultura popular. Quevedo desembarcou no Rio de Janeiro e foi para um seminário em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, onde residiu por 3 anos e em 1961 foi ordenado padre após estudar Teologia no Colégio. Naturalizado brasileiro, passou a afirmar de maneira orgulhosa que se considerava mais brasileiro do que os próprios brasileiros nascidos no Brasil, porque estes últimos não tiveram a opção de nascer ou não no Brasil, mas ele teria optado em querer ser brasileiro, e brincava dizendo que por não ser perfeito ainda tinha tido 29 anos como espanhol.

Polémica: Voto de Silêncio

Quando chegou ao Brasil, surgiram dificuldades e mal entendidos, e sofreu pressões por oito anos. Posteriormente um de seus superiores da Companhia de Jesus achou que a Parapsicologia era herética e mandou-o ficar em silêncio, proibindo, mesmo sem ler, a divulgação e venda de sua tese doutoral, a obra “Antes que os Demónios Voltem”. Quevedo pelo voto de obediência, ficou em silêncio por seis anos até que Dom Luciano Mendes de Almeida buscou tomar medidas referentes ao caso. Dom Paulo Evaristo Arns foi a Roma esclarecer o caso perante a Igreja, a qual desconhecia os eventos. Os membros da Santa Sé ao lerem o livro se maravilharam com o conteúdo, sendo a partir de então recomendado em diversas universidades. As incompreensões foram superadas; o seu superior foi substituído; Quevedo saiu do silêncio e o CLAP foi reaberto, e desde então Quevedo passou a ter o apoio dos Jesuítas e também dos bispos. A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) solicitou-lhe durante muitos anos que ministrasse anualmente curso de Parapsicologia para sacerdotes e agentes de pastoral. até o dia que o  mesmo se aposentou.

Participações na TV

 Na década de 1970, a Rede Globo trouxe ao Brasil o ilusionista Uri Geller, o qual afirmava que dominava eventos paranormais. Após um encontro de cinco horas no ar com o Padre Quevedo, este último demonstrou que o que Uri Geller fazia de entortar colheres, garfos, facas, chaves e quebrar relógios não passava de truques de ilusionismo. No dia seguinte, o próprio Uri Geller reconheceu que tudo não passava de técnicas, contudo, para não ter que se retratar em público, Roberto Marinho e Adolfo Bloch prometeram ao Padre Quevedo que em troca de uma retratação por parte Uri Geller, ele pegaria o primeiro voo e nunca mais se falaria nele tanto na Rede Globo como na extinta Rede Manchete. A Rede Manchete até cogitou a possibilidade de lançar no dia seguinte, em sua revista, o resultado do confronto, onde o padre aparecia levitando Uri Geller e com o seguinte título: Padre Quevedo x Uri Geller, nocaute no 1º round. Na década de 1980, outro refutado pelo padre parapsicólogo foi o médium Thomas Green Morton, que afirmava ter poderes de entortar talheres, exalar perfume e que fazia luzes emanar de seu corpo. O Padre Quevedo demonstrou que a luz que Thomas G. Morton afirmava emanar do corpo, se tratava de um truque através de uso de fósforo que se inflamava em contato com o ar. Especialmente durante a década de 1990, participou de diversos programas televisivos onde debatia com médiuns, pastores, ufólogos, ateus e curandeiros. Sempre quando alguém alegava um poder excepcional, o Padre Quevedo dava uma explicação científica ou ainda realizava a mesma coisa que o dito mediúnico. No programa no SBT de Silvia Poppovic, que abordava o tema mediunidade, o médium Ivan Trilha, atravessou um fio pela garganta de um pessoa da plateia, afirmando que se tratava de um poder excepcional, e que ela não sangraria nem sentiria dor, embora a mulher se queixasse de dores e sangue. No mesmo momento que o dito médium realiza a apresentação, o Padre Quevedo atravessou a própria garganta com um grande alfinete de fralda, sem sangue ou dor, alegando que o que Ivan fazia ele também fazia, pois se tratava de faquirismo e não de um poder mediúnico. No programa Globo Repórter, o Padre Quevedo demonstrou que as ditas materializações no algodão, realizadas por Dona Ederlazil, não passavam de truques vulgares: a mulher escondia uma das mãos e depois trazia os objetos e jogava sobre o algodão, molhado.  Tempos depois o Padre Quevedo provou que uma dita casa fantasma que pegava fogo tinha as chamas geradas por truque através de barbantes embebidos em querosene. Certa vez o Padre Quevedo foi convidado a gravar uma entrevista sobre Nossa Senhora de Guadalupe e seu milagre. A Rede Globo pretendia que ele desse conotação espírita ao fenômeno… Evidentemente que ele não concordaria e, simplesmente, sua participação nunca mais aconteceu na emissora.

O Caçador de Enigmas

 
Parapsicólogo famoso, comumente chamado em programas de auditório brasileiros para dar explicações sobre fenómenos desconhecidos, lhe fez uma figura famosa no Brasil, tal notoriedade também lhe rendeu uma série dentro do programa Fantástico, chamada de “O Caçador de Enigmas”, em que tinha como objetivo dar a interpretação para fenómenos paranormais. O programa sucedeu o de Mr. M, e o objetivo inicial era que Quevedo fizesse o personagem cujo título seria “Mr. Q”. Porém negou, mesmo porque seu superior, José António Netto, da Ordem dos Jesuítas era contra a associação da imagem do padre com a do mágico estadunidense. 

programa ia ao ar nos domingos a cada 15 dias, entre 02 de janeiro a 05 de maio de 2000 com audiência que atingia picos de 42 pontos. Entre os diversos episódios, no referente a telecinesia, ele comprovou que os objetos que eram arremessados contra as paredes ou contra pessoas em uma dita casa mal assombrada não tinham nada de sobrenatural, mas eram eventos fabricados por uma das filhas do casal, conforme registrado pelas câmeras de filmagens instaladas. Em outro episódio o Padre Quevedo ficou cara a cara com Marcos Fabian Vieira, um homem que afirmava ter feito um pacto com o diabo e que o incorporava. Na oportunidade o padre entrevistou o dito Lúcifer incorporado e começou a falar com ele em hebraico, uma língua semelhante ao aramaico, que Jesus falava e a qual teria sido usada por Satanás para lhe tentar no deserto. Sem entender uma palavra o mesmo começou a se irritar, então o Padre Quevedo, de joelhos, pediu para que com os seus poderes lhe dobrasse o dedo, mas o dito ‘Lúcifer’ falou que tinha algo reservado para o padre. Sem titubear Quevedo lhe pediu para que o matasse, mas o mesmo apenas disse que a morte lhe estava reservada; treplicando, Quevedo pediu que marcasse uma data, pois de maneira jocosa fez graça com a situação afirmando que era cardíaco e como tal, uma hora morreria como qualquer outra pessoa. Para Quevedo afirmou que com boa ou má intenção, Marcos Fabian não sabia nada sobre o que ou quem era Lúcifer, estando o tempo todo errado. Mesmo com um aumento médio de 5 pontos na audiência em comparação ao programa anterior, do Mr. M, a série foi finalizada em maio de 2000. Embora o Padre Quevedo tenha demonstrado um grande apreço pela equipe do Fantástico, é possível que a série tenha sido interrompida por um dos chefes da Rede Globo por achar desagradável a desmistificação de suas crenças. Provavelmente os argumentos do Padre Quevedo começaram a ser resumidos nos episódios, depois começaram a cortar os desafios; se em um episódio se desvendava fraudes espíritas, logo um programa dedicado ao espiritismo vinha em outra grade da emissora. Até que o programa chegou ao fim.

Desafios

Após o final do contrato com a Rede Globo, o Padre Quevedo voltou a participar de debates e entrevistas em outras redes de televisão no Brasil e na América Latina. Um dos debates mais marcantes ocorreu entre o mesmo e Inri Cristo, o qual dizia ser a reencarnação de Jesus Cristo. O debate ocorreu na programa TV Tribuna, da TV Iguaçu, filiada ao SBT, onde Quevedo, para provar que aquele que se intitulava a reencarnação de Jesus Cristo era um farsante, falou com ele em latim, grego e hebraico, mas, Inri Cristo não entendia o que ele dizia. Em seguida lhe pediu que acrescentasse um dedo ao presidente Lula, o que só irritava ainda mais Inri Cristo. Posteriormente, ambos se encontraram no Programa do Ratinho, onde o Padre Quevedo desafiou que Inri Cristo dobrasse-lhe o dedo com os seus poderes ditos divinos… O padre chegava a chamá-lo de “Inri Crista”, porque seria muita crista dele comparar-se a Cristo.
Padre Quevedo em um seminário (São José dos Campos – SP) implorando de joelhos para que o demónio o ataque.
Por desafiar pessoas que afirmavam ter poderes sobrenaturais sobre este mundo, como deixar alguém doente ou até matar uma pessoa através de feitiçaria, sempre desdenhoso e rindo dos feiticeiros pedia que estes fizessem feitiços contra ele: “Venham todos contra mim! Por favor! Não tem poder nenhum! Isso não existe!”. Normalmente sempre lançava a aposta de 10 mil dólares (que não os tinha, mas sabia em que apostava) se alguém através de ditos poderes sobrenaturais pudesse lhe dobrar o dedo: “Te dou 10 mil dólares se com teus poderes me dobrares esse dedo!”. Em sua última apresentação em TV aberta, no programa Agora é Tarde, apresentado por Danilo Gentilli, o Padre Quevedo apresentou um cheque de 200 mil reais, afirmando que o daria a quem, com pretendidos poderes sobrenaturais, pudesse dobrar o seu dedo.  No ano de 2012 o Padre Quevedo resolveu atender ao pedido da Companhia de Jesus e encerrou suas atividades devido a sua idade avançada. A partir de então passou a residir em Belo Horizonte (MG), na residência jesuíta Irmão Brandão, onde ficava recluso e não dava mais entrevistas, embora continuasse escrevendo e enviando suas informações para São Paulo, onde eram postadas por sua equipa na internet. Quem mantinha contato com ele eram os funcionários do Instituto Padre Quevedo de Parapsicologia, que já avisaram que o museu – paixão de Quevedo – estava concluído.
Fonte: G1, Wikipédia,
Mistérios da Mente Humana

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