Sangue de verme do mar pode dar ar a hospitais em plena crise da covid-19. A hemoglobina do verme marinho, produzida pela empresa Francesa Hemarine, será administrada no final de Março de 2020 a alguns pacientes em aflição respiratória aguda devido a Covid-19. 40 vezes mais oxigenante do que a hemoglobina humana, pode substituir os respiradores.

Enquanto as iniciativas se multiplicam para compensar a falta de respiradores nos serviços de reanimação, a empresa Hemarine, que cria vermes marinhos cujo sangue tem um importante poder oxigenador, acha que pode contribuir com a sua pedra para o edifício. Espera-se que um estudo clínico de doentes em dificuldades respiratórias comece no início da semana de 30 de Março de 2020.

Dar oxigénio para libertar  camas de reanimação

Uma das principais fontes de mortalidade para covid-19 é a angústia respiratória causada pela infeção. O resultado, no meio de uma epidemia, é a escassez de camas e respiradores nos serviços de reanimação. Embora a empresa Hemarina não seja competente para proteger ou curar infeções com o vírus Covid-19, tem um produto altamente eficaz para fornecer oxigénio. Este produto é uma proteína: uma hemoglobina 40 vezes mais oxigenante do que a nossa, e compatível com o nosso corpo. A hemoglobina é uma grande molécula que liga oxigénio para transportá-lo através do fluxo sanguíneo para diferentes órgãos dos pulmões. Em humanos, está contido nos glóbulos vermelhos, mas o do verme marinho circula livremente e pode, portanto, ser facilmente extraído e usado. Sob o nome HEMO2life, a hemoglobina do verme marinho já mostrou a sua eficácia nos transplantes de órgãos. Acrescentada ao clássica soluto de preservação de órgãos, já demonstrou que pode prolongar o seu prazo de validade de algumas horas para vários dias, e pode reduzir para metade o tempo que o órgão leva para retomar a função após o transplante.

Afinal é ou não mais contagioso e mais mortal que a gripe sazonal?

O que dizem os números e os especialistas?

Número de mortos com Covid-19 no mundo supera por pouco as vítimas mortais de gripe sazonal do inverno passado em Portugal. Mas nem por um minuto isso é motivo para deixar de tomar precauções.

A forma como este coronavírus se vai comportar no nosso corpo é uma lotaria. Podemos não ter sintomas, ter sintomas ligeiros, ou ser de um grupo de risco e ter sintomas graves. Acima de tudo, temos de ter consciência de que, mesmo que não se manifeste com agressividade em nós, podemos contagiar terceiros e esses, no pior cenário possível, podem morrer.” O professor catedrático Nuno Taveira, que faz investigação em HIV, hepatite B e C e febre amarela, lembra também que já há infetados de todas as idades, o que mostra que ninguém está livre de ser infetado, mesmo que a probabilidade seja menor entre crianças e jovens; para já, travar a cadeia de transmissão é o principal objetivo dos sistemas de saúde de todo o mundo e países como a China, ou mais recentemente Itália, tomaram medidas que draconianas, como isolar regiões inteiras, fechar escolas e universidades, cancelar eventos, fazer jogos à porta fechada para impedir a propagação do vírus nCov-2019 (que provoca a doença Covid-19). Só na China, na província de Hubei, a quarentena abrangeu mais de 50 milhões de pessoas.

Quantas pessoas pode um infetado contagiar?

Quando um novo agente infeccioso surge, perceber como contagia, até que ponto contagia e com que rapidez contagia é um passo fundamental. Por isso, diversos grupos de investigadores de todo o mundo tentam dar resposta à pergunta: qual é o número básico de reprodução (R0, que se lê r-zero) deste vírus? A resposta que surge não é sempre a mesma. Um grupo de 10 pessoas pode infetar 12 indivíduos. Na verdade, até ao fim do surto esse valor ainda poderá mudar ou até ser diferente de região para região, tendo em conta as condições sanitárias e o tipo de cuidados de saúde existentes. Esse é, aliás, um dos riscos do vírus chegar a alguns países africanos, defende Francisco Antunes. “O grande risco de esta se tornar uma epidemia explosiva é se o vírus se propaga para África, onde as condições sanitárias são quase inexistentes”, e onde seria mais difícil contê-lo. Acreditando que as contas da Organização Mundial de Saúde são as mais fiáveis, cada pessoa infetada com o novo coronavírus irá contaminar outras duas. Vamos, então, à fórmula: no final de janeiro, a OMS colocou o R0 (número básico de reprodução) deste coronavírus entre 1,4 e 2,5. Para o seu cálculo, são levados em conta vários fatores, sendo os dois principais o número de contactos que a pessoa infetada tem enquanto está a transmitir o vírus e a taxa de ataque, que é a probabilidade de esses contactos contraírem a doença.

Ninguém espera os assintomáticos, as pessoas que propagam o vírus sem nunca ficarem doentes

Os assintomáticos — pessoas infetadas, mas não doentes — podem explicar como é que Itália passou em poucos dias de 2 casos para mais de 600. Como não têm sintomas, estão a propagar o vírus sem saber. O paciente zero em Itália continua a fazer a sua vida normal. Vai trabalhar, bebe o café no sítio do costume e janta num restaurante com um grupo de amigos. O problema? Não tem sintomas e não imagina que possa estar infetado com o novo coronavírus. Nunca ficará doente, mas vai contagiando os que estão à sua volta. Esta é a hipótese mais provável para explicar o que aconteceu em Itália. A hipótese de um erro das autoridades ou de negligência de um hospital será menos importante para explicar o sucedido do que uma característica do vírus que ainda está a ser estudada: pode ser propagado por quem tenha infeções assintomáticas, ou seja, por quem está infetado, mas não tem sintomas.

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